Tuesday, December 16, 2008

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Saturday, February 12, 2005

mariposas

mariposas
Esse poema é do Federico Garcia Lorca, um poeta espanhol que foi executado muito jovem por possíveis ligações com partidos políticos contrários à Franco....
Vale a pena conhecê-lo, ele fala através de imagens simples. Mas consegue ser muito tocante...

VOLTA DE PASSEIO

Assassinado pelo céu,
entre as formas que vão para a serpente
e as formas que buscam o cristal,
deixarei crescer meus cabelos.

Com a árvore de tocos que não canta
e o menino com o branco rosto de ovo.

Com os animaizinhos de cabeça rota
e a água esfarrapada dos pés secos.

Com tudo o que tem cansaço surdo-mudo
e mariposa afogada no tinteiro.

Tropeçando com meu rosto diferente de cada dia.
Asassinado pelo céu !


Mas.... mariposas?

Por que mariposas? Eu sei que vocês sabem que esses insetos são um tanto nojentos, peludos, cheios de poeira, com aspectos de coisa suja e envelhecida. Mas, apesar de tudo isso, amo mariposas. É que sinto uma compaixão irreprimível por elas. Me identifico, por vezes. Tão amaldiçoadas, são comparadas às borboletas, pássaros e outras criaturas aladas e, logo, excluídas.
Li numa reportagem que elas são mais numerosas que as borboletas, numa proporção de oito para um. Interessante, né? Algumas são gigantes, outras mais belamente coloridas que as suas primas.
Sabe aquelas que ficam meio sujinhas, acinzentadas? É que estão se adaptando ao ambiente encardido das ruas, vielas, cantos e postes imundos, cobertos de fuligem e poluição.
Definitivamente, mariposas são notáveis...
Escondidas sob a crosta asquerosa, nada mais são do que pedacinhos de ar, células, líquidos vitais e estrutura corpórea (...é que eu não sou nada boa em biologia) mas, enfim, praticamente igual e mim e o você.
É claro que há uma diferença fundamental. A consciência, a mente, a capacidade de raciocinar e de admirar-se com a simplicidade e estranha beleza da mariposa...